
O mesmo texto, com ligeiras adaptações, foi publicado na minha estreia como colunista do site Digestivo Cultural, de São Paulo, onde semanalmente irei relatar a itinerância do projeto. Clique aqui para ler.
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AS TIAS DO MARABAIXO,
O PROJETO
Em 15 de setembro de 2014, foi inaugurada no Amapá Garden Shopping, em Macapá, minha primeira exposição individual de fotos, intitulada As Tias do Marabaixo. Durante uma quinzena, os visitantes do local puderam ver 16 fotos minhas retratando Tia Chiquinha, Tia Zefa, Natalina, Tia Zezé e Tia Biló, então os maiores nomes vivos do Marabaixo (Tia Chiquinha veio a falecer recentemente, em 18 de fevereiro). Até o final do ano passado, a exposição percorreu algumas escolas da capital e permaneceu 10 dias na Galeria de Arte do Museu Fortaleza de São José - nem em sonho eu imaginei que um dia meu trabalho estaria exposto num prédio histórico do século 18! Neste 13 de maio, 127 anos da Abolição da Escravatura, a exposição volta a ser exibida ao público, em outro lugar da maior importância: a casa onde viveu Mestre Julião Ramos, pioneiro do Marabaixo do Laguinho e pai de Tia Biló.
Tia Chiquinha (de chapéu), Josefa Ramos (com o microfone)
e Tia Zefa (com a flor azul no cabelo) - 22.6.14
O projeto, porém, é bem
mais abrangente (talvez o termo certo seja "ambicioso") do que apenas uma
reunião de fotos - creio que basta dizer que as imagens expostas foram
selecionadas de um total de mais de 3.600... Boa parte delas foi captada
durante as filmagens de entrevistas com as senhoras citadas, e também em festas
do Ciclo do Marabaixo 2014. O material filmado dará origem a um documentário de
longa-metragem e cinco curtas, cada um deles dedicado a uma das entrevistadas.
O primeiro curta, Tia Zefa no Dia da Consciência Negra 2014, foi lançado em 26 de fevereiro, dia em que a
homenageada completou 99 anos. O quinto e último curta, em homenagem a Tia Zezé, foi lançado em 21 de abril. Já em relação ao longa não há como fixar uma data no
momento. Classifiquei o projeto como "ambicioso" em virtude das outras ações
previstas - além da exposição e dos filmes (e de uma coleção de camisetas temáticas), pretendo lançar dois
livros, um com uma seleção de fotos, outro com a íntegra dos depoimentos
captados, isso sem falar no lançamento, é claro, dos próprios filmes, curtas e
longa, em DVD.

Depois ouvimos, pela ordem, Tia Zefa,
Natalina, Tia Zezé (com quem gravamos numa noite de Marabaixo no Barracão
Gertrudes Saturnino, no antigo bairro da Favela, hoje Santa Rita) e Tia Biló;
além de quatro noites de festa, cobrimos também o Cortejo da Murta, que reúne
grupos de Marabaixo de Macapá e cidades vizinhas, que vão da orla do Rio
Amazonas até a Igreja de São José para buscar a bênção para os brincantes do
Marabaixo. Esta tradição, interrompida nos anos 1940 quando o padre Júlio Maria
Lombaerd impediu que os negros entrassem tocando caixa na igreja, foi retomada
em 2012. O último dia de filmagens no Ciclo, 27 de junho, coincidiu com a data
da festa pelos 94 anos de Tia Chiquinha (na verdade, completados na véspera). Posteriormente,
em novembro, registrei em foto e vídeo quatro dias do 20º Encontro dos Tambores
(que teve imagens utilizadas nos curtas sobre Tia Zefa, Natalina e Tia Zezé).
O primeiro semestre de
2015 será dedicado ao lançamento dos curtas e sua exibição, bem como a
continuidade da circulação da exposição, por instituições de ensino e espaços
culturais de Macapá, além, é claro, dos barracões onde se realizam os festejos
do Ciclo do Marabaixo. Para o segundo semestre, a intenção é, simultaneamente à
preparação do longa-metragem, circular com os curtas por festivais de cinema
Brasil afora.
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