Na sua sexta semana, a Campanha Vista essa ideia das Camisas Som do Norte pede a valorização do saber popular da Amazônia, simbolizado na figura de Natalina Costa, 82 anos.
Filha de dona Gertrudes Saturnino, pioneira do Marabaixo do bairro da Favela (hoje Santa Rita), em Macapá, Natalina aprendeu com sua mãe as tradições desta rica cultura, que soube transmitir a seus filhos, que hoje formam o grupo Berço do Marabaixo, no qual desponta, entre outros, a jovem cantora Lorrany Mendes, de 10 (!) anos.
Em depoimento ao documentário inédito As Tias do Marabaixo, Tia Zezé, irmã de Natalina, conta que a família morava no Formigueiro (como popularmente é conhecido o Largo dos Inocentes, localizado atrás da Igreja de São José, no centro da capital amapaense) até 1947, quando foi solicitada pelas autoridades municipais a desocupação, tendo os moradores que optar por irem para um dos novos bairros formados poucos anos antes - o Laguinho e a Favela -, quando ordem de semelhante fez sair inúmeras famílias negras residentes na orla do rio Amazonas, nas proximidades da atual Praça Zagury. Dona Gertrudes e sua família decidiram morar na Favela, onde já estavam alguns de seus parentes. Gertrudes exerceu na Favela o mesmo papel de pioneira do Marabaixo que Mestre Julião Ramos teve em relação ao Laguinho, tornando sua casa um dos imóveis onde anualmente se realizam festividades do Ciclo do Marabaixo. Mais tarde, Natalina sucedeu a mãe neste papel de anfitriã destas festas - em uma delas, teria dito a frase Gengibirra não é mole não, que inspirou a Joãozinho Gomes e Val Milhomem a música "Mão de Couro", que ajudou a tornar Natalina mais conhecida fora do ambiente do Marabaixo.
No cartaz, temos ainda a modelo Suelen Leão vestindo a camiseta que retrata Natalina ao lado das filhas Valdirene e Marinete, durante o Cortejo da Murta de 2014.
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