Projeto de divulgação da memória do Marabaixo, maior tradição cultural do Amapá

segunda-feira, 30 de março de 2015

Família da pioneira Natalina Costa prepara o Ciclo do Marabaixo da Favela de 2015

Texto: Mariléia Maciel

Fotos: Fabio Gomes


No Sábado da Aleluia, 4 de abril, às 16h, iniciam os festejos do Ciclo do Marabaixo, na casa da pioneira Natalina Costa, realizado pela Associação Cultural Berço do Marabaixo da Favela, com uma extensa programação que se prolonga até o mês de junho. Na antiga Favela, atualmente bairro Santa Rita, a homenagem é para a Santíssima Trindade, e as cores azul e branca predominam durante as festas religiosas e lúdicas, onde a cultura, tradição e memória são preservadas ao ritmo de caixas de marabaixo e louvores, intercalando as atividades religiosas com as lúdicas.   




Este ano os festeiros responsáveis são Iracema Oliveira e José Maria Costa, descendentes de famílias tradicionais que seguem o ritual secular, herança deixada por antepassados que dançavam o Marabaixo no centro de Macapá, de onde saíram para povoar os bairros Laguinho e Favela. O Ciclo do Marabaixo faz parte do calendário oficial de cultura do estado e é seguido nos dois bairros, com início na Semana Santa e encerramento no dia de Corpus Christi, com rodadas de Marabaixo, missas, ladainhas e baile.

Na Favela o Ciclo inicia no Sábado da Aleluia com o Marabaixo da Aceitação, e continua com outras rodadas de Marabaixo. No dia 9 de maio é o Sábado do Mastro, quando os grupos que realizam os festejos seguem para as matas do Quilombo do Curiaú, onde retiram os mastros, que na Favela será enfeitado no dia 24, o chamado Domingo da Murta, e levantado no dia seguinte, às 7h, ao som de caixas de Marabaixo. O dia 31, é  dedicado às crianças, que inicia com a missa e segue com tradicional Almoço dos Inocentes, seguida da tarde de brincadeiras.

Valdinete Costa, neta de Gertrudes Saturnino, que na década de 40 trouxe a família para a Favela, explica que a tradição continua, porém algumas adaptações foram feitas para que se adequasse à realidade. “O Almoço dos Inocentes iniciou com uma promessa feita por vovó Gertrudes para que a mamãe, Natalina, engravidasse. Com a bênção alcançada, a promessa foi cumprida, e o almoço para 12 crianças, representando os apóstolos, continua até hoje”.


A urbanização do bairro obrigou a mudanças, como os fogos, que atualmente são estourados até 22h e o som que reproduz as caixas, que não ficam no limite máximo. A consciência ambiental é trabalhada com as crianças, e atualmente, apenas um mastro é retirado da mata, o outro é de acrílico. O que vem do Curiaú são mudas de plantas que as crianças plantam na vizinhança. O compromisso com a história também é importante na Favela, e no ano passado foi inaugurada a Biblioteca Gertrudes Saturnino, com obras literárias e de arte de artistas com trabalho voltado para a cultura afro.


Programação do Berço do Marabaixo da Favela

4 de abril
16h - Abertura do Ciclo do Marabaixo da Favela - Marabaixo da Aceitação

1º de maio
16h - Marabaixo do Trabalhador

9 de maio - Sábado do Mastro
8h -  Buscar mastro no Curiaú

22 de maio
19h – Início da Novena da Santíssima Trindade
20h – Baile dos Sócios

De 22 à 30 de maio – 19h
Novena da Santíssima Trindade

24 de maio – Domingo do Mastro
20h - Marabaixo da Murta – Amanhece para o dia 25, para levantar o mastro

31 de maio
7:30 – Missa na Igreja da Santíssima Trindade
9:00 – Café da manhã no barracão da Gertrudes
12:00 – Almoço dos Inocentes
14:00 – Início da tarde de lazer com as crianças da comunidade

4 de junho
Marabaixo de Corpus Christi

7 de junho
Encerramento do Ciclo do Marabaixo da Favela

Local: Barracão da Tia Gertrudes
Av: Duque de Caxias, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes




domingo, 29 de março de 2015

Curtas tiveram primeira exibição pública nesta sexta



Na noite desta sexta, 27 de março, aconteceu durante o 3º Aniversarau do Pena & Pergaminho a primeira exibição pública dos curtas da série As Tias do Marabaixo. O evento foi realizado no auditório do Centro Cultural Franco-Amapaense, que pode ser apontado, creio eu, como o lugar que mais sediou encontros desse grupo poético, que já se reuniu publicamente mais de 30 vezes (outros encontros já aconteceram na Biblioteca Pública Elcy Lacerda e mesmo numa escola de idiomas).

A exibição abrangeu os 3 curtas já lançados, os em homenagem a Tia Zefa, Tia Chiquinha e Tia Biló. Antes da exibição, que aconteceu logo no início do evento, após a tradicional leitura coletiva de poemas, eu pude conversar com a platéia, contando um pouco sobre o processo de realização do documentário e lembrando as etapas já percorridas, em especial as filmagens e as exposições de fotos realizadas no ano passado. Após a exibição, a platéia pôde fazer perguntas, e apenas a poetisa Mary Paes fez uso da palavra - ela, que também não é amapaense (nasceu no Mato Grosso), quis saber da minha motivação para registrar aspectos da história do Marabaixo, uma tradição cultural que só existe no Amapá. Respondi que, como jornalista cultural, vejo que há duas correntes em minha profissão - uma que se satisfaz ao falar exatamente o que todo mundo já está falando, e outra que busca conteúdos originais para levar a seu público, e me incluindo fortemente nesse segundo grupo. Inicialmente a ideia seria registrar os depoimentos destas cinco senhoras apenas em áudio, porém devido a uma sugestão de Andreia da Silva Lopes, que achou melhor fazer as gravações em vídeo, decidi então encarar o desafio de tornar o projeto algo de cinema (literalmente - risos  - pena que na hora não me ocorreu esta metáfora).

Devo dizer que para mim foi uma grande alegria o convite, afinal boa parte dos participantes do Pena são meus amigos, e frequento seus encontros desde 2012, ou seja, antes mesmo de residir em Macapá. Considerando estes fatores, em especial ser uma plateia seleta, composta por artistas e/ou consumidores de produtos culturais com boa formação, é que não vi problemas em abrir uma exceção para fazer esta exibição pública antes mesmo de ter concluído os cinco curtas previstos - ainda faltam os em homenagem a Natalina e Tia Zezé. 

Quase houve uma exibição antes mesmo desta - na véspera, eu fui ao bar Diretoria, onde os curtas seriam exibidos no evento Quinta das Artes, produzido pela Andreia Lopes (ou seja, outro convite irrecusável), porém não foi possível mostrar os filmes porque o sistema do local não leu o formato dos arquivos que eu levei). Estamos vendo outra data e também meios de contornar essa questão técnica.

Para finalizar, quero, nas pessoas de Tiago Quingosta, Lara Utzig e Auridan Júnior agradecer a oportunidade desta exibição. Não tem como descrever minha emoção quando o público presente, talvez mais de 50 pessoas, me aplaudiram tão logo começou a aparecer na tela os créditos do curta Tia Biló, o último a ser exibido. : ' )


  • A previsão de conclusão dos cinco curtas é até final do mês de abril. Seguiremos o que já vem sendo feito: lançamento no YouTube e no Facebook, com postagens neste blog e no Som do Norte. Tão logo os cinco estejam prontos, pretendemos circular com eles nas escolas de Macapá e municípios vizinhos. Aliás, já na sexta, lá mesmo no Aniversarau, uma escola já nos convidou! 




quinta-feira, 26 de março de 2015

Nesta sexta a primeira exibição pública dos curtas em Macapá

Acontece em Macapá nesta sexta-feira a primeira exibição pública dos três curtas já lançados da série As Tias do Marabaixo, de Fabio Gomes.

Será no 3º Aniversarau do Pena & Pergaminho (ver cartaz ao lado) - o P& P é um grupo poético criado há 3 anos em Macapá e que mantém uma regularidade de encontro mensal de seus membros, aberto à população em geral e gratuito. 

Anualmente, em março, o aniversário do grupo é comemorado com um evento mais grandioso que a média, e é isto que teremos amanhã, tod@s estão convidad@s!





quinta-feira, 19 de março de 2015

No Dia de São José, nossa homenagem a Tia Biló

Hoje, 19 de março, é feriado em Macapá. Trata-se do dia consagrado a São José, padroeiro da cidade. Nesta data, em 1782, foi inaugurada a Fortaleza de São José, que Portugal mandou construir às margens do rio Amazonas para proteger a cidade. O dia todo terá diversas festas e comemorações em vários pontos da capital do Amapá.

Contribuindo com estas comemorações, programamos para hoje o lançamento do terceiro curta da série As Tias do Marabaixo, desta vez homenageando Tia Biló. A única filha viva de mestre Julião Ramos, pioneiro do Marabaixo no bairro do Laguinho, completou 90 anos no dia 10 de fevereiro.

No filme hoje lançado, ela aparece cantando um ladrão tradicional de Marabaixo ("É de manhã, é de madrugada"), junto com sua neta Laura do Marabaixo e seu bisneto Iury Soledade, no último dia de festa do Ciclo do Marabaixo do ano passado - 22 de junho de 2014, Dia do Senhor (6º Marabaixo). Nesse dia, eu e o cinegrafista Bruno Simões, da Graphite Comunicação, percorremos as quatro casas onde se celebra o Ciclo (além da casa da Tia Biló, a sede do Grupo do Pavão, também no Laguinho, e as casas da Natalina e da Dica Congó, na Favela). Estávamos fazendo um rápido registro da festa, pouco depois das 18h, hora em que praticamente só estavam no local os membros da Associação Cultural Raimundo Ladislau, quando tia Biló pediu um microfone e começou a cantar os versos do ladrão, surpreendendo a todos! 


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domingo, 8 de março de 2015

No Dia da Mulher, nossa homenagem a Tia Chiquinha

Quando me propus a realizar o documentário As Tias do Marabaixo, fiz questão de que a primeira entrevistada fosse Tia Chiquinha, então com 93 anos. A entrevista aconteceu em sua casa no Curiaú, em 7 de maio de 2014 (no dia seguinte, fazia um ano que havíamos nos conhecido pessoalmente, apresentados pela cantora Patrícia Bastos no "Marabaixo de uma quarta-feira" no Grupo do Pavão, no Laguinho). (Ao lado, foto feita por mim no dia da comemoração do seu 94º aniversário; a festa foi em 27 de junho, comemorado em realidade um dia depois da data correta). 

Quis o destino que a primeira entrevistada fosse também a primeira a deixar este nosso mundo físico. Tia Chiquinha faleceu na última Quarta-Feira de Cinzas, 18 de fevereiro de 2015, no hospital São Camilo, depois de alguns dias internada no Pronto-Socorro de Macapá. Na mesma noite, iniciou o velório, no Curiaú (no mesmo local onde fizéramos nossa entrevista); o enterro aconteceu no dia seguinte, no cemitério São José, no bairro Buritizal. 

Parte da gravação feita no ano passado, na qual contei com a colaboração da equipe da Graphite Comunicação, foi disponibilizada hoje pela primeira vez, Dia Internacional da Mulher, com o lançamento no canal do Som do Norte no YouTube do meu curta "Tia Chiquinha", no qual ela aparece cantando o ladrão de Marabaixo de sua autoria "Eu vou dar a minha caçada", não sem antes contar as circunstâncias que a inspiraram. Também gravamos mais músicas e principalmente um longo depoimento histórico de Tia Chiquinha, que fará parte do longa-metragem As Tias do Marabaixo, com lançamento previsto para este ano.




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